Cidade

Desde menino vim para a cidade!

Trouxe os meus livros leais,

Debaixo do braço e o ar de matuto

De quem tinha n’alma as raízes

Das paisagens, dos silêncios,

Das cousas virgens do Marajó...

Na cidade fiquei debaixo das mangueiras

Os homens não apedrejavam as árvores

As árvores que apedrejavam com os frutos

A cabeça dos caminhantes

Para alegria dos garotos felizes

O Ver-o-Peso está cheio de mastros

No milagre das velas amazônicas ao sol!

 

Dalcídio Jurandir, in: Poemas Impetuosos ou O Tempo é o do Sempre Escoa. Organização Paulo Nunes. Belém: Paka-Tatu, 201.