Os Jambeiros
No silêncio do arrebalde
A manhã amadurece os jambos
E anima a festa dos pássaros.
E os jambos são tão gostosos
De um gosto ingênuo de ternura
Macio e selvagem,
Gosto de boa terra orvalhada e cheirosa
De água travessa a cantarolar no fundo das espessuras,
De alegria anônimas,
De sossegos vegetais pelo mundo.
De infâncias perdidas que ficaram,
Como raízes humanas nas fruteiras.
Quando vais entre os jambeiros
Colher os jambos maduros,
As árvores te cobrem de orvalho
E o céu se veste de sol,
E vens coroada de orvalho como toda
Enfeitadas de pérolas
E envolta de luz como se fosse toda
A manhã de verão
Com as mãos cheia de jambos...
Dalcídio Jurandir, in: Poemas Impetuosos ou O Tempo é o do Sempre Escoa. Organização Paulo Nunes. Belém: Paka-Tatu, 2011.